Eric Gil é economista do Instituto Latino-americano de Estudos Socioeconômicos.
Em 19/03, publicou artigo comparando as manifestações dos dias 13 e 18, no
portal Pragmatismo Político.
Utilizando dados do Datafolha sobre o perfil dos participantes das duas manifestações
contra e a favor do governo, Gil concluiu que “as parcelas mais precarizadas e
exploradas” não foram às ruas.
Afinal, diz ele, “em nenhuma das duas manifestações as pessoas com renda de até
R$1.760,00 – que representam 29% da população paulistana – chegaram aos 10%”.
Raúl Zibechi é escritor e jornalista uruguaio. Em seus textos e depoimentos mais
recentes, ele vem considerando que o ciclo de "governos progressistas" na América
Latina está se esgotando.
Segundo ele, trata-se de uma forma de governo que usou a seguinte fórmula
política: “Ante os ricos, apresenta-se como aquele que pode apaziguar os de
baixo. E ante os de baixo, apresenta-se como o grande beneficiário com diversas
políticas sociais”.
O problema, diz ele, é que “dissolvido esse cenário, os governantes não sabem
como se manter”. O resultado são as atuais mobilizações de rua lideradas por setores
de direita, de um lado, e a resposta insuficiente das esquerdas, de outro. No
meio, a apatia dos maiores beneficiados pelas políticas públicas dos últimos
anos.
Entre as principais razões dessa apatia, estaria o fato de que o “progressismo”
melhorou os índices econômicos e sociais “promovendo o consumismo”. “Um
desastre estratégico, pois anula a capacidade das camadas mais pobres de se
tornarem classe”, diz Zibechi.
São explicações a serem debatidas. Mas uma coisa é certa: o precário ciclo progressista
na região vai tendo um fim entre trágico e patético.
Textos de Zibech:
América Latina: as
bases sociais da nova direita
A opção que não transformou e que
perdeu o fôlego.
Leia também: Emendas à
Lei Antiterrorismo e outras notas
maiores beneficiados pelas políticas públicas dos últimos anos estão apáticos? Não estão.
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