Doses maiores

17 de março de 2016

Lula dentro da armadilha

Diferente das classes dominantes anteriores, a burguesia não controla diretamente as forças repressivas e o aparelho judicial. O Estado faz isso por ela e, assim, aparenta ser uma instituição neutra.

Outros aparelhos de dominação que também atuam tendo por base uma suposta imparcialidade são aqueles que constituem a grande imprensa.

A operação Lava-Jato é resultado da eficiente articulação entre polícia, judiciário e monopólios de comunicação. Todos voltados para varrer o PT do governo e as esquerdas do cenário político nacional.

De forma inédita, Sérgio Moro mandou prender alguns dos homens mais ricos e poderosos do mundo. Sacrificou uma pequena parte da classe dominante para preservar os interesses de seu conjunto.

Forneceu o álibi perfeito para que a imprensa lhe desse cobertura ampla e favorável, omitindo vários abusos legais cometidos pelo caminho.

Estava montado o cenário para a operação finalmente atingir seu grande alvo. O anúncio da volta de Lula ao governo acionou o mecanismo.

Horas antes de virar ministro, Lula foi vítima de uma ilegalidade escandalosa. Provavelmente, a primeira de muitas outras que virão.

Lula não aceitou ser ministro para fugir da prisão. Tornar-se alvo do mesmo Supremo Tribunal que condenou inúmeros petistas poderosos não seria muito inteligente.

Na condição de ministro, Lula pretende salvar o governo do impeachment e o PT do desastre eleitoral. Na verdade, enfiou-se dentro da armadilha criada pela Lava-Jato e voltou a vestir a casaca do poder, tão elegante quanto paralisante.

Quando liderava greves, Lula costumava ficar à frente dos trabalhadores diante das forças repressivas. Agora, está entre estas e a classe dirigente. São muito maiores as chances de acabar esmagado.

Leia também:
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Algumas pílulas sobre como chegamos à atual crise


2 comentários:

  1. Muito bom. Sergio, acho que caberia uma super pílula, ou seja, uma especial que pudesse se alongar na análise da situação atual e indicar caminhos. Abraço.

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  2. Posso tentar fazer um coquetel de bolinhas sobre o tema.
    Valeu, Marião!

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