A possibilidade de o bilionário ultraconservador Donald
Trump ser eleito assusta até os ultraconservadores. Há quem o compare a Hitler
ou Mussolini, com alguma razão.
Afinal, um e outro também chegaram ao poder por meios
eleitorais. E em sistemas parlamentaristas, considerados mais equilibrados e
confiáveis.
Ao contrário do que muita gente pensa, o sistema político
estadunidense é mais parlamentarista do que presidencialista quanto a seus
mecanismos eleitorais. E dos mais restritos, aliás.
Em primeiro lugar, o presidente não é
eleito diretamente, mas por um colegiado formado por 538 delegados
escolhidos nos estados. Para ser considerado vitorioso, o candidato precisa levar a este colegiado 270 representantes.
O problema é que o colégio eleitoral
é composto de forma a favorecer os estados menos populosos. Assim, o presidente
pode ser eleito sem ter obtido a maioria dos votos diretos. Foi o que aconteceu
com George Bush, em 2000.
Há mais de 140 partidos legalizados, mas
o sistema distrital favorece apenas republicanos e democratas. Na verdade, duas
alas de um partido único. Só divergem quanto à melhor maneira de preservar os
interesses da classe dominante.
Grande parte dos eleitores está encarcerada.
São os pobres e negros que formam a grande maioria dos 2,3 milhões de presos americanos.
A maior população carcerária do mundo.
A agravar todo esse quadro, a economia
em frangalhos. Um exemplo: as vagas de trabalho no setor industrial caíram 36%,
de 19,3 milhões, em 1979, para 12,3 milhões, em 2015. Enquanto isso, a
população cresceu 43%, de 225 milhões para 321 milhões.
Se Trump for eleito, não será algo
acidental, portanto. Ainda que venha a ser trágico.
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