O
filme “Raça” conta a lendária participação de Jesse Owens nas Olimpíadas de
Berlim. A produção não é nenhuma grande obra de arte, mas vale a pena ser
assistido.
Era
1936 e a Alemanha estava sob domínio de Hitler. Os Jogos seriam a oportunidade
para comprovar a suposta superioridade da “raça ariana” também nos esportes.
O
velocista negro estadunidense se encarregaria de estragar a festa nazista com
quatro medalhas de ouro.
Em
uma das cenas, um atleta alemão descreve para Owens a perseguição racista sofrida
pelos judeus em seu país. O atleta americano não parece ficar muito surpreso.
Afinal, grande parte de seus compatriotas negros passava por situação
semelhante nos Estados Unidos.
O filme
mostra a recusa de Hitler em cumprimentar o campeão negro. Mas a mágoa de Owens
era outra. De Hitler, ele não podia esperar nada, mas “Roosevelt nem sequer me
mandou um telegrama", teria dito.
Outra
cena confirma essa condição humilhante. De volta a seu país, Owens e sua esposa
tiveram que entrar pelos fundos no jantar realizado em sua própria homenagem. E
o atleta morreria pobre e esquecido.
Mas o
filme de Hopkins também esqueceu outros 18 atletas negros americanos presentes
nos mesmos jogos. Todos medalhistas. É o que revela Flávia Oliveira em sua
coluna do Globo de 16/06. Segundo o texto, essa história está contada no
documentário “Orgulho olímpico, preconceito americano”, ainda inédito no
Brasil.
Na época
das olimpíadas alemãs, o Brasil começava a ser visto como campeão da democracia
racial. Oitenta anos depois, nosso único campeonato garantido é o da violência
contra pobres e trabalhadores. A grande maioria, negra.
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Olimpíadas,
racismo e direitos humanos
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