Recentemente, a Suíça tentou aprovar
uma remuneração mensal de R$ 9 mil para todos os seus cidadãos sem exigir
qualquer trabalho ou outra contrapartida. Levada a plebiscito, porém, a
proposta foi rejeitada.
Condições objetivas não faltariam.
Com uma renda per capita de R$ 211 mil anuais e taxa de desemprego inferior a
4%, o país teria como viabilizar essa “utopia”, dizem os defensores da
proposta.
Entre os vários argumentos favoráveis
à proposta, está a crescente separação entre trabalho e renda provocada pela
substituição da força de trabalho humana por tecnologias automatizadas.
"Robôs absorvem cada vez mais
trabalho. É agora nosso dever reorganizar a sociedade de modo que a Revolução
digital dê a todos uma vida digna...", afirma material de divulgação favorável
à adoção da medida.
Mas, aí, faltou consultar o velho
Marx, que em “O Capital”, escrevia há 150 anos:
...a maquinaria considerada em si reduz o tempo de
trabalho, ao passo que aplicada capitalisticamente prolonga a jornada de
trabalho, em si facilita o trabalho, mas aplicada capitalisticamente aumenta
sua intensidade, em si representa uma vitória do homem sobre a força da
natureza, mas aplicada capitalisticamente põe o homem debaixo do jugo da força
da natureza, em si aumenta a riqueza do produtor, mas aplicada
capitalisticamente o pauperiza...
Aplicar “capitalisticamente”
significa manter a propriedade e o controle de processos produtivos globais
inteiros nas mãos de uma minoria cada vez menor. Uma lógica incompatível com
distribuição de riqueza, mesmo numa ilha de bem-estar como a Suíça.
Para o capitalismo, o avanço tecnológico só serve para
aumentar a exploração e o mal-estar social.
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