R. Crumb |
Cerca de 75% dos sucessos do período clássico do blues foram
compostos e interpretados por mulheres. A surpreendente
informação está no artigo “A luta das mulheres no blues em sua
era clássica”, de Tonny Araújo, publicado no site “Música e Sociedade”.
Ou seja, o blues não nasceu apenas negro, mas feminino.
Segundo Araújo, o pianista Jelly Roll Morton afirmou, por
exemplo, que o primeiro blues que ouviu quando criança foi tocado por Mamie
Desdunes, pianista e violonista que se apresentava principalmente em bares no
final do século 19.
Na mesma época, a trombonista Netti Goff, “tocava de
maneira espetacular em uma companhia de menestréis”. Antes dela, Della Sutton, outra
trombonista, teria sido “a primeira mulher a tocar o instrumento em Nova
Orleans”.
Marge Creath Singleton, por sua vez, tocava nos famosos
barcos a vapor que atravessavam os mais diferentes cantos do país.
Já a guitarrista Lizzie Douglas, mais conhecida nos
prostíbulos como Memphis Minnie, diz o artigo, encarava “as incertezas de uma
dura vida nômade por meio de circos e caravanas”.
Além de Minnie, muitas outras só achavam espaço para
tocar nos bordéis. É o caso de Lulu White, Josie Arlington, Bertha Wenthal e
Gypsy Schaeffer.
Todas elas enfrentaram a hostilidade de ambientes majoritariamente
masculinos. Lugares em que o assédio sexual dos homens em geral era grande,
agravado pelo racismo dos brancos.
Araújo encerra seu artigo dizendo que sem essas talentosas
mulheres, “o blues talvez nunca teria saído das plantações”. Mais que isso, é
provável que tenham sido elas as responsáveis por iluminar os primeiros caminhos
para a música negra em meio às trevas do racismo.
Acesse o texto aqui.
Bacana, bela informação e considerações.
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