Em 14/09, um grande grupo de crianças e jovens negros circulava
por Copacabana. A polícia foi chamada para reprimir um suposto arrastão.
Cerca de 40 menores foram detidos. Nada foi encontrado
com eles que justificasse as acusações de roubo.
A polícia não precisava de mais provas contra o grupo
que o racismo que alimenta suas convicções e as dos que a acionaram.
A casos como esses correspondem exemplos em que a
impunidade preserva criminosos comprovados, mas que têm a cor de pele e a classe
social consideradas adequadas.
No mesmo dia do “arrastão” de Copacabana, Lula da Silva
foi acusado de corrupção pela Operação Lava-Jato. Não há provas, disseram os
acusadores, só convicção.
Os protestos de Lula são legítimos. Mas a perseguição política
de que ele é vítima tem motivos muito específicos. Não se trata do que seu
governo fez ou deixou de fazer. Mas de suas origens sociais e históricas.
Alguém que nasceu na Senzala, liderou greves e presidiu
um partido de esquerda jamais conquistará a confiança da Casa-Grande. Ainda que
nunca tenha faltado docilidade no tratamento que dispensou a seus proprietários.
É por isso que a regra que destina tratamento injusto ao
andar de baixo abriu uma exceção para fazer o mesmo no andar de cima, desde que
os atingidos sejam hóspedes que se tornaram muito inconvenientes.
Mas há um crime pelo qual Lula pode ser condenado com
abundância de provas. É a convicção de que deve permanecer ao lado dos que jamais
toleraram sua gente.
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