Doses maiores

25 de outubro de 2016

Aristocracia operária e reformismo

A profunda crise por que passa o PT pode dar esperanças à esquerda revolucionária de que as políticas reformistas finalmente sejam abandonadas. Mas mesmo uma derrota esmagadora do projeto petista não significaria necessariamente o fim do reformismo.

Para começar, o reformismo não resulta apenas de uma escolha feita por direções políticas “traidoras”, “vacilantes”, “moderadas”, “vendidas”. Esta visão decorre da concepção que Lênin popularizou sobre esse fenômeno político cujos limites se mostram cada vez mais evidentes.

Para ajudar a entender melhor essa questão, um bom texto é “As raízes econômicas do reformismo” publicado pelo marxista Tony Cliff, em 1957. O artigo lembra que Lênin define o reformismo como "a adesão de uma seção da classe trabalhadora à burguesia contra a massa do proletariado".

A esta camada de “operários burgueses” Lênin chamou de "aristocracia operária". Uma pequena parcela dos trabalhadores cujos ganhos seriam superiores aos da maioria da classe graças aos superlucros proporcionados pela fase imperialista do capitalismo.

Os principais alvos desse “suborno” de classe seriam os trabalhadores mais especializados, presentes em setores estratégicos da economia.

Seguindo esta formulação muitas correntes socialistas revolucionárias acreditam que seria suficiente romper essa “crosta” oportunista para que a lava vulcânica da revolução viesse à superfície, mandando pelos ares a dominação burguesa.  

O problema, diz Cliff, é que a história do reformismo na Grã-Bretanha, Estados Unidos e em outros lugares “ao longo do último meio século” demonstraria que a tese de Lênin sobre a aristocracia operária como base de apoio ao reformismo não se sustenta.

Na próxima pílula, mostraremos algumas evidências que Tony Cliff utiliza para provar essa sua ousada afirmação.  

Leia o artigo original, aqui (em inglês)

Leia também: O reformismo a caminho da barbárie

3 comentários:

  1. Sempre detestei essas designações morais de traidores e outras para tratar os reformistas, a questão é mais produnda e complexa como aponta a pílula.

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    1. Sim. Não é que não haja comportamentos terríveis por parte de certas lideranças de esquerda ou dos movimentos sociais, mas são produto e não causa dos fenômenos políticos que lhes dá visibilidade.
      Abraço

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  2. Escrevi meu comentário aqui, mas ela não coube por ter ultrapassado o limite de 4.096 caracteres. Por isso, postei no Blog para poder caber aqui:

    https://singularidadeabstrata.wordpress.com/2017/10/25/comentario-a-aristocracia-operaria-e-reformismo-em-pilulas-diarias/

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