Doses maiores

4 de outubro de 2016

O PT e a ética da criminalidade moralista

O PT gostava de se apresentar como o campeão da “ética na política”. Mas seu maior erro foi confundir moralidade com legalidade. Roubos, subornos, compra de votos, superfaturamentos são crimes, não apenas condutas vergonhosas.

O campo da ética, propriamente dito, é aquele que envolve a escolha entre condutas consideradas adequadas ou inadequadas. Não diz respeito a atos legais ou ilegais. É aí que entra a situação que o partido de Lula criou para si mesmo.

Quando prometo algo e cumpro, estou tendo um comportamento ético. Mas se cumprir essa promessa envolve a morte de alguém, minha ética é criminosa e devo ser punido por ela.

Quando o PT passou a cometer ilegalidades para ocupar e manter postos no sistema político, adotou os valores morais que nele predominam. Esperava, portanto, tratamento semelhante ao que recebem aqueles que têm o mesmo comportamento. Ou seja, contava com a impunidade.

Acontece que os valores morais que orientaram a fundação do PT eram outros. O partido nasceu das lutas contra a legalidade suja da ditadura empresarial-militar. Foi parido e se criou na condição de péssimo exemplo para a educação moral e cívica dos generais. Pior que isso, tornou-se referência para amplos setores dos explorados e oprimidos.

Tudo isso rendeu ao PT o eterno ódio dos poderosos. Mas estes souberam esperar. Os mais astutos entre eles atraíram o partido para suas armadilhas institucionais. E quando surgiu a oportunidade certa foi condenado pelos mesmos crimes que seus inimigos cometem, mas pelos quais jamais responderão. 

Eis aí a ética que prevalece na política institucional. Nela moralismo e criminalidade coincidem e se reforçam mutuamente.

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