Doses maiores

9 de outubro de 2016

Dória venceu porque é trabalhador

Em 05/10, Talita Bedinelli publicou matéria no portal El País sobre a vitória de João Dória para a prefeitura paulistana. Entre as pessoas que ela ouviu, estava o gráfico Domingos dos Santos Araújo, morador da periferia de São Paulo.

Araújo justificou sua opção pelo tucano por tratar-se de alguém que começou “de baixo, como o Lula. Ele é um trabalhador e convenceu a classe trabalhadora...".

Em 07/10, o IHU-Online publicou ótima entrevista com o sociólogo Henrique Costa. Comentando as eleições paulistanas, ele atribuiu a vitória de Doria ao mesmo discurso meritocrático que foi usado pelos petistas para comemorar o surgimento de uma “nova classe média”. Esse discurso, diz ele, contribuiu para transformar Doria em alguém que teria “saído de uma situação de inferioridade social para virar um empresário bem-sucedido”.

Por trás dessa falsa imagem está o fato de que a burguesia é a primeira classe dominante na história que também trabalha. O que diferencia os capitalistas de seus antecessores não é o ócio, muito menos o luxo. É sua capacidade de se tornarem mais ricos e poderosos enquanto exploram o trabalho alheio em tempo integral.

É por isso que Marx defendia o fim da exploração do trabalho humano a partir da extinção do próprio trabalho assalariado, seja formal ou informal.

A luta pelo pleno emprego não pode se tornar um fim em si mesmo. Como disse certa vez Rosa Luxemburgo, a exigência por mais empregos pode se transformar em luta por mais exploração. A perda dessa perspectiva pode levar os socialistas a terríveis derrotas, mesmo em disputas tão mesquinhas como as eleitorais.

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