Doses maiores

26 de outubro de 2016

O reformismo conquista multidões

No artigo “As raízes econômicas do reformismo”, Tony Cliff considera equivocado explicar a origem do reformismo pelo conceito de “aristocracia operária”.

Este conceito foi utilizado por Lênin para descrever uma pequena parcela dos trabalhadores, principalmente os de maior qualificação. Ao desfrutar de melhores condições salariais, essa parcela acabaria defendendo os interesses da burguesia no interior da classe operária.

Essa hipótese pressupõe que na fase imperialista do capitalismo seria possível promover uma melhora substancial nas condições salariais de alguns poucos setores de trabalhadores.

Para testar essa hipótese, Cliff compara os salários dos trabalhadores qualificados e não qualificados entre as duas guerras mundiais na Grã-Bretanha, com sua economia “avançada”, e na Romênia, “país economicamente atrasado”. Descobre que há pouca diferenciação salarial entre os dois grupos nos dois países.

Cliff também compara as condições de vida dos trabalhadores na Grã-Bretanha (de 1957) com o cenário descrito em 1845 por Engels em “A situação da classe trabalhadora na Inglaterra”. As condições melhoraram muito, mas, de novo, de modo generalizado.

Para o autor, a expansão imperialista do capital tornou possível aos sindicatos e partidos operários arrancarem concessões para os trabalhadores sem maiores ameaças ao sistema. Daí o surgimento de “uma grande burocracia reformista” capaz de bloquear o “desenvolvimento revolucionário da classe trabalhadora”. Sua principal função é a de servir como intermediária entre trabalhadores e patrões, negociando acordos entre eles e mantendo “a paz entre as classes”.

Ou seja, o reformismo ganha largas parcelas dos trabalhadores, não apenas alguns de seus setores. Para derrotá-lo não basta combater as burocracias, mas disputar a hegemonia junto à classe como um todo. Voltaremos ao tema.

Leia o artigo original, aqui (em inglês)

Leia também: Aristocracia operária e reformismo

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