Doses maiores

18 de outubro de 2016

O beco sem saída do reformismo keynesiano

Em “Capitalismo e Social Democracia”, Adam Przeworski considera que a teoria keynesiana justificou a criação do chamado “Estado de bem-estar social”.

As concepções econômicas de John M. Keynes teriam permitido aos socialdemocratas europeus descobrirem que “a economia poderia ser controlada, e o bem-estar dos cidadãos continuamente reforçado pelo papel ativo do Estado”.

Até então, os partidos socialistas representavam apenas a classe operária, diz o autor. Agora, os interesses particulares de curto prazo dos trabalhadores poderiam ser contemplados de forma a coincidir com os interesses de longo prazo de toda a sociedade.

Tudo isso funcionava, na prática, do seguinte modo:

(1) o estado opera aquelas atividades que não são rentáveis para as empresas privadas, mas necessárias para a economia como um todo; (2) o estado regula, nomeadamente através de políticas anticíclicas, o funcionamento do setor privado; e (3) o estado atenua, através de medidas de bem-estar, os efeitos distributivos do funcionamento do mercado.

O grande problema é que:

...tendo se envolvido com setores deficitários, os socialdemocratas minaram a sua própria capacidade de estender gradualmente o domínio público. Além disso, os efeitos ideológicos não podem ser negligenciados: a situação criada tornou o setor estatal notoriamente ineficiente pelos critérios capitalistas e o resultado foi uma reação contra o crescimento do Estado. (...) O alívio dos problemas não se torna transformação. De fato, sem a transformação, a necessidade de aliviar a situação se torna eterna.

O fato é que o capitalismo jamais teve vocação para a estabilidade. Muito menos, para aliviar os efeitos negativos de seu funcionamento.

Continua na próxima pílula.

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