No artigo ”How Will Capitalism End?” Wolfgang
Streeck resume os argumentos de um livro lançado por ele, recentemente.
Comecemos
citando o trecho em que o autor afirma ser necessário “voltar a pensar no
capitalismo como um fenômeno histórico que não tem apenas um começo, mas também
um fim”.
Difícil
discordar. Se até o Sol tem prazo para acabar, por que não uma criação humana que,
ainda por cima, acarreta frequentes e desastrosas consequências.
O autor
cita Geoffrey Hodgson, para quem “o capitalismo só pode sobreviver enquanto não
for completamente capitalista”. Ou seja, quanto menos obstáculos se
apresentarem no caminho do sistema, mais veloz seria sua corrida rumo ao
abismo. Ou nas palavras do próprio Streeck: “É como se o capitalismo estivesse
morrendo de uma overdose de si mesmo”.
Em Marx,
hipótese semelhante está implícita na teoria da queda tendencial da taxa de
lucro. Mas trata-se apenas de uma tendência, que pode ser evitada de várias maneiras.
Ainda que todas causem mais destruição social e ambiental.
Os
problemas surgem quando Streeck sugere que aprendamos a pensar que o fim do
capitalismo chegará, sem que precisemos responder à “questão do que deve ser
colocado em seu lugar”.
Uma conclusão
frontalmente oposta ao que defende o marxismo, segundo o qual, exatamente por
ser o capitalismo um produto humano, é nossa obrigação histórica construir uma
alternativa a ele.
Mas
Streeck não pretende facilitar as coisas. Segundo ele, “o capitalismo
desorganizado está desorganizando não só a si mesmo, mas também sua oposição,
privando-a da capacidade de derrotá-lo ou resgatá-lo”.
Falta muita
dialética nisso aí. Mas fica para uma próxima pílula.
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