Em 19/01, Laura Carvalho citou, na Folha, um estudo dos
sociólogos Katharine Beckett e Bruce Western, sobre a situação carcerária nos
Estados Unidos. Dados do período entre 1975 e 1995 constataram que a taxa de
encarceramento costuma ser maior nos estados americanos onde os programas
sociais são mais fracos.
A colunista também cita "The Spirit Level", livro
de Richard Wilkinson e Kate Pickett publicado em 2009. Nele, dados referentes
a um “conjunto de países ricos indicam que, quanto maior o nível de
desigualdade, maior também é a taxa de encarceramento por habitante”.
Levantamentos semelhantes no Brasil muito provavelmente
chegariam a resultado parecido. Principalmente, nas últimas décadas, quando a
permanente e crescente desigualdade social correspondeu à explosão da população
carcerária. Explosão no duplo sentido, aliás.
Uma diferença importante no caso brasileiro é o
amadorismo na exploração do trabalho dos detentos. Muito mais profissionais, os
Estados Unidos colocam seus presidiários para trabalhar, gerando enormes lucros
para grandes empresas.
Por enquanto, nossa barbárie parasita as atividades das
facções dos presídios. Parte do produto dos crimes cometidos nas ruas fica com
dirigentes do sistema prisional. Outra parcela vai para as campanhas eleitorais
de quem grita que “bandido bom é bandido morto!”. O grosso mesmo circula pelo
sistema bancário sem maiores problemas.
Mas haveremos de avançar. Quem sabe seguindo o exemplo de empresas como a
BMW. Durante a Segunda Guerra, a fábrica alemã escravizou mais de 17 mil prisioneiros
“considerados de raça inferior”. Depois da guerra, os responsáveis foram
julgados de forma relativamente branda em Nuremberg. Talvez, porque o tribunal representasse aqueles que condenavam os nazistas, mas não seus valores.
Sergio, deixa aproveitar para fazer um comentário breve e geral sobre as pílulas. Acho que como se propõe elas prestam um serviço ao campo da esquerda no combate à exploração e na indicação de possibilidade históricas para sua superação. São temas que abordam a questão política e econômica, mas não se reduzem a isso, entrando em outras preocupações que os revolucionários também devem ter. Acho que nascemos com este germe bom do comunismo e você trabalha bem na sua continuidade. Parabéns e um grande abraço.
ResponderExcluirPois é, Marião. Somos uns infectados incuráveis. Ainda bem!
ExcluirBração!