É
costume dizer que Marx falhou completamente em sua previsão de que o
desenvolvimento capitalista levaria a que a burguesia se visse cercada por uma grande
e homogênea classe social: o proletariado. Tais críticas costumam traduzir
proletariado por “classe operária”, quando a interpretação correta seria “classe
trabalhadora”.
Mas
no volume 3 de “O Capital”, Marx argumentou que mesmo essa grande classe trabalhadora
está marcada por:
...uma hierarquia de forças de trabalho, à qual
corresponde uma escala de salários (...). Ao lado das gradações da hierarquia,
aparece a simples separação dos trabalhadores em qualificados e não
qualificados.
De
fato, em 1997 foi publicado um estudo sobre a estrutura de classes de Estados
Unidos, Canadá, Reino Unido, Suécia, Noruega e Japão. Nele, Erik Olin Wright descobriu
entre os setores que não possuem grandes meios de produção (fábricas, fazendas,
supermercados etc.), três divisões com base nas habilidades (especialista,
qualificado, não qualificado) e três baseados na autoridade (gerente,
supervisor, sem autoridade). O resultado geral, portanto, foram nove frações
internas à classe trabalhadora.
Os
resultados correspondem ao que disse Marx em sua grande obra econômica:
Um exército industrial de trabalhadores sob o comando
de um capitalista exige, como num exército normal, oficiais (gerentes) e
sargentos (capatazes, supervisores) que comandam durante o trabalho o processo
em nome da capital.
Ou
seja, confirma-se não apenas a previsão marxista de que um imenso contingente de
explorados cerca a burguesia por todos os lados. Mas, também que, infelizmente,
as tropas desse exército continuam muito divididas.
Com
informações do artigo “Was Marx wrong about the working class? Reconsidering the gravedigger thesis”, de Matt Vidal.
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