“A
violência é a parteira da história”. Muitas vezes, esta frase atribuída a Marx é
interpretada como um convite a pegar em armas contra a exploração.
Mas
ela refere-se, principalmente, às grandes ou relevantes mudanças na história
das sociedades de classes como consequência de processos violentos.
Em
especial, os conflitos que opõem classes dominantes. Ou os causados por choques
de interesses entre facções diferentes da mesma classe dominante.
Tanto
no primeiro caso, como no segundo, podem surgir oportunidades para que os que estão
embaixo obtenham importantes conquistas.
Um
exemplo seria a Guerra Civil nos Estados Unidos. Lincoln nem era um
abolicionista convicto quando foi eleito. Foi o choque de interesses no
interior da classe que ele representava que o empurrou para posturas antiescravistas.
No
Brasil, conflitos violentos entre frações das classes dominantes
são raros. Talvez, o mais próximo a que chegamos disso aconteceu com o levante
da elite paulista em 1932, contra a tomada do poder por Getúlio, em 1930.
Resultado,
no final do período que se seguiu, a ditadura getulista deixaria a CLT, ainda que
mais teórica que prática. O problema é que entre uma coisa e outra, centenas de
lideranças populares e sindicais foram presas, mortas e torturadas.
E
antes disso tudo, houve as primeiras e heroicas greves da nascente classe trabalhadora
brasileira, ainda durante a escravidão. Depois, vieram os levantes tenentistas e a
Coluna Prestes.
Ou
seja, os setores subalternos são fundamentais para criar essas divisões no
andar de cima. Mas, em geral, servem como bucha de canhão. Por isso, dificilmente é possível escolher algum lado da classe dominante para apoiar.
Continua...
Leia
também: Divagações
sobre violência e história (1)
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