Muitos defensores da formação de uma ampla frente antifascista costumam citar Leon Trotsky. Principalmente, sua a crítica à
desastrosa política stalinista dos anos 1930, que não fazia distinção entre os
socialdemocratas e os nazistas alemães como inimigos dos trabalhadores.
Mas no artigo “Por uma Frente Única dos Trabalhadores
contra o Fascismo”, de 1931, Trotsky afirma:
Nós, marxistas, consideramos [o liberal conservador] Brüning
e Hitler (...) como partes componentes de um mesmo sistema. A questão de qual
deles é o "mal menor" não tem sentido, pois o sistema contra o qual
estamos lutando precisa de todos esses elementos. Mas esses elementos estão
momentaneamente envolvidos em conflitos entre si e o partido do proletariado
deve aproveitar esses conflitos no interesse da revolução (...). Quando um dos
meus inimigos coloca diante de mim pequenas porções diárias de veneno e o
segundo, por outro lado, está prestes a dar-me um tiro, devo, primeiro, arrancar
o revólver da mão do meu segundo inimigo, pois isso me dá a oportunidade de me
livrar do meu primeiro inimigo. Mas isso não significa que o veneno seja um
"mal menor" em comparação com o revólver.
Aceita a metáfora, que forças desempenhariam o papel
de revólver na atual situação nacional? Certamente, não é um partido fascista de
massas, como o alemão. Mas não falta quem se candidate a segurar a pistola.
Por enquanto, porém, o mais provável é que tenhamos que priorizar a resistência às doses de veneno. E este vem sendo distribuído generosamente por setores
da própria esquerda na forma de uma confiança cega numa institucionalidade militarizada e uma dependência suicida do calendário eleitoral.
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