No Manifesto
Comunista, de 1848, Marx e Engels descrevem uma das características marcantes
da classe dominante capitalista:
A burguesia se
encontra envolvida em uma batalha constante. No princípio, com a aristocracia;
mais tarde, com aquelas frações da própria burguesia, cujos interesses se
tornaram antagônicos ao progresso da indústria; o tempo todo, com a burguesia
de países estrangeiros. Em todos esses países, ela se vê obrigada a apelar para
o operariado, a pedir a sua ajuda, e arrasta-se assim para a arena política.
Portanto, a burguesia fornece ao proletário as armas para lutar contra ela...
Em última
análise, dizem Marx e Engels, a burguesia produz, acima de tudo, “seus próprios
coveiros”.
Ou seja, os
processos violentos que ocorrem entre os setores da burguesia devem ser
aproveitados pelos de baixo para desorganizar a dominação dos de cima.
Nos anos
seguintes, também ficaria claro que isso não significa de modo algum aliar-se a
uma fração burguesa contra outra. Ainda que isso possa acontecer em situações
muito específicas, como as de libertação de povos colonizados.
Em geral,
situações revolucionárias somente se apresentam diante de crises violentas
entre frações da classe dominante. Isso quer dizer que os “coveiros” com suas
pás devem aguardar pacientemente ao lado das covas? Jamais.
Somente com a
intensificação de suas lutas, os explorados e oprimidos podem aproveitar
momentos em que há choques internos à burguesia. É preciso acelerar a luta contra
os de cima e não freá-la para aguardar um desfecho favorável a setores dominantes
supostamente mais progressistas. Isso seria levar a classe trabalhadora a caminhar
sozinha rumo à sepultura.
Leia também: Divagações
sobre violência e história (2)
Ri muito: "aguardar pacientemente ao lado das covas"
ResponderExcluir