Doses maiores

12 de abril de 2018

Divagações sobre violência e história (1)

Os últimos acontecimentos parecem provar que qualquer melhora na justiça social no País é intolerável. Nem mesmo a luta por igualdade social seria admissível.

Não foi apenas a execução de Marielle. Muito menos, a prisão de Lula. São as dezenas de milhares de mortes anuais. Não somente de lutadores sociais nos sertões e grotões, mas da população preta e pobre, moradora das periferias e condenada por mera suspeição.

Estamos entre os campeões mundiais de desigualdade social, mas somos uma das maiores economias do planeta. É o contraste entre as duas coisas que exige uma enorme e eficiente máquina de moer tanta gente humilhada e explorada.

Talvez, seja essa máquina que torne o surgimento de um movimento de massas fascista mais que difícil, desnecessário entre nós. No lugar de hordas nazistas homicidas uniformizadas, já temos forças de segurança fortemente armadas, fardadas ou à paisana.

Entre os muitos fascistas que ocupam cargos no aparato estatal poucos foram eleitos.

Qualquer esperança de melhora na situação social do País só parece possível por processos violentos. Não os da luta armada popular, mas principalmente pelo choque radicalizado de interesses de classe.

É o choque violento entre facções das classes dominantes que abre brechas para que as forças populares possam conquistar vitórias importantes. Foi assim em 1917, por exemplo. Não apenas no interior do Império Russo. Havia também um cenário rasgado por sangrenta guerra entre potências imperialistas.

Mas essa hipótese pode levar a uma omissão historicamente criminosa e politicamente desastrosa. Aguardar a ocorrência de graves divergências entre os de cima para somente então agir, seria uma aposta na barbárie.

Voltaremos ao tema.
  
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Um comentário:

  1. Reflexão interessante para os que entre nós se preocupam tanto com o Bolsonaro. Concordo, acho que a burguesia não precisa de uma veste tão depravada para continuar exercendo seu poder depravado de classe.

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