Ela
acha possível que o "aumento
assombroso" dos diagnósticos de depressão esteja
ligado ao interesse da
indústria farmacêutica em
turbinar
suas
vendas.
Mas também
"pode
indicar que o homem contemporâneo está particularmente sujeito a
deprimir-se".
Uma
das
explicações
para
essa
predisposição estaria relacioanda
ao
tempo. Por exemplo, na Idade Média:
Havia
certa solidariedade entre o tempo do trabalho, comandado pelo
percurso do sol, e o restante do tempo social, comandado pela Igreja,
cujos sinos indicavam o momento das orações matinais e
vespertinas...
Aos
poucos, no
entanto, os
ciclos de produção artesanal
passaram a se libertar da
alternância das estações. O
trabalho
do
artesão
torna-se "mais
submisso à ordem que ele mesmo criara do que aos ritmos naturais".
O
tempo
urbano
do
comércio substituindo o tempo da Igreja.
"O
indivíduo moderno também não é senhor de seu tempo", diz
Maria Rita. "A
diferença é que ele já não sabe disso".
O tempo
do trabalho invade cada vez mais "a experiência da
temporalidade". São
as:
...atividades
de lazer, marcadas pela compulsão incansável de produzir
resultados, comprovações, efeitos de diversão, que tornam a
experiência do tempo de lazer tão cansativa e vazia quanto a do
tempo da produção.
Desse
modo, seria possível que:
Ainda
que eles não saibam disso, a inadaptação dos depressivos em
relação às formas contemporâneas de aproveitar o tempo pode ser
reveladora da memória recalcada de outra temporalidade, própria do
"tempo em que o tempo não contava".
Leia
também: Neuróticos,
deprimidos, mutilados: explorados
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