Doses maiores

28 de março de 2019

A crise de 2008 e os partidos digitais

Em seu livro “The Digital Party”, Paolo Gerbaudo destaca a importância da Grande Recessão mundial iniciada em 2008 para o surgimento dos partidos digitais.

A crise fez disparar em muitos países o número dos que vivem uma condição social e econômica instável, lutam para sobreviver e veem seus direitos sociais cada vez mais desrespeitados.

Aprofundou-se o caráter fragmentado, precarizado e disperso de amplos setores da classe trabalhadora. Mas eles também passaram a incluir muitos jovens que dominam as ferramentas digitais.

É exatamente essa juventude dinâmica que os partidos digitais vêm atraindo.

O Movimento de cinco estrelas é forte, particularmente, entre pessoas com idades entre 35 e 44 anos. A esmagadora maioria dos eleitores do Podemos tem menos de 35 anos. Nas eleições presidenciais de 2017, o França Insubmissa conseguiu 30% de seus votos entre os que tinham entre 18 e 24 anos.

Jeremy Corbyn lidera o “Momentum”, no interior do Partido Trabalhista inglês. A organização tem forte presença nas redes virtuais. Nas últimas eleições, 66% de seus votos vieram de eleitores com idade entre 18 e 19 anos.

Bernie Sanders, do Partido Democrata estadunidense, lidera uma equipe que utiliza bastante as ferramentas digitais. Aos 78 anos de idade, a base eleitoral do senador tem, em média, menos de 45 anos.

Ou seja, com todas as contradições, limites, riscos e ilusões que os partidos digitais apresentam, eles não podem ser simplesmente descartados. Provavelmente, vieram para ficar e já influenciam fortemente o funcionamento dos partidos tradicionais.

Mais que isso, Gerbaudo entende que podem se tornar instrumentos importantes para a transformação social, desde que...

Fica para a próxima pílula.

2 comentários:

  1. Serginho, lembrei (acho que o Oseas Duarte quem dizia) da importância de termos um jornal do partido. Ele destacava que o jornal comunista não era só um jornal como meio de informação e veiculação de ideias, mas um organizador da militância, entendido assim por Lenin em relação ao Pravda. Acabamos por não ter um jornal do partido, acho que foi por isso que não fizemos a revolução (sic!).

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    1. Acho que não foi só por isso não (rs, rs), mas é um dos muitos sintomas. Quem insistia nisso também era o Vito Giannotti. O Lênin dizia que o jornal era o andaime sem o qual nenhum partido revolucionário consegue se construir solidamente. Enfim, sem um veículo de comunicação de amplo alcance não dá pra fazer disputa de hegemonia. E sem disputa de hegemonia, nada de revolução, mesmo.

      Beijos

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