Em 14/03/2019, na
revista Época, Helio Gurovitz abordou “O desafio da imprensa diante de Trump e
Bolsonaro”.
Basicamente, tal desafio
envolveria o combate ao festival de falsidades que gira em torno dos
presidentes nomeados no título.
O colunista cita o livro
“Don’t think of an elephant!” (Não pense num elefante!) do linguista estadunidense
George Lakoff. Para ele, fatos são cruciais, mas:
...precisam
ser emoldurados de modo adequado para que entrem no discurso público de modo
eficaz. Acreditar que apenas apresentá-los de maneira competente basta para que
o cidadão “acorde” é uma ilusão”.
Nos conservadores, exemplifica
o linguista, as crenças derivam da imagem da família com pai rigoroso. Nos
progressistas, da família com pais carinhosos.
Segundo Lakoff, “muitas
das ideias que ultrajam os progressistas são o que os conservadores veem como
verdade” e vice-versa. Referindo-se a Trump, Bolsonaro e seus aliados, afirma: “Eles
não são estúpidos. Estão ganhando porque são inteligentes. Entendem como as
pessoas pensam e falam.”
Por fim, o colunista
transcreve alguns princípios úteis recomendados pelo linguista “para dialogar
com vozes discordantes”.
...é
preciso respeitá-las, ouvi-las, manter a calma e não entrar em gritaria, não
adotar um tom de queixa, ser sincero e determinado nas próprias crenças, pensar
e tratar não só de fatos, mas sobretudo dos valores — e evitar adotar a moldura
do adversário ao rebater ataques. “Não use a linguagem deles. A linguagem
seleciona uma moldura — e não será a moldura que você quer.”
Dicas importantes, sem dúvida. Mas que
imprensa poderia adotá-las? Certamente, não a dos monopólios que se declaram isentos
e objetivos, mas também defendem verdades interessadas.
Continua na próxima pílula.
Do menos pior ao muito ruim, rumo a mais derrotas
Como mentiras e autoengano antecipam os piores crimes
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