Doses maiores

29 de março de 2019

O potencial transformador dos partidos digitais

Encerrando esta série de comentários sobre o livro “The Digital Party”, de Paolo Gerbaudo, destaquemos que, para o autor:

...o partido digital responde a uma questão fundamental: a necessidade de atualizar radicalmente as formas organizacionais de política e adaptá-las à era digital.

O problema, diz Gerbaudo, “é como abordar os limites do partido digital e transformar essa proposta partidária em um meio não apenas para a democracia digital, mas para a democracia amplamente definida”.

Esta tarefa mostra-se mais urgente, diz ele, porque esse modelo organizacional continuará a se espalhar em diferentes sistemas políticos, incluindo os partidos tradicionais.

Para Gerbaudo quatro questões deveriam nortear a construção dos partidos digitais como instrumentos de verdadeira transformação social.

Primeiro, mais peso precisa ser dado às iniciativas de baixo para cima.

Em segundo lugar, a gestão de plataformas e processos de tomada de decisão devem ser atribuídas a um comitê independente, democraticamente eleito.

Terceiro, é preciso buscar novas formas de integração social, além de ampliar os contatos presenciais.

Quarto, é preciso abandonar o preconceito excessivo contra a burocracia, bem como a obsessão com o participacionismo.

Além disso, evitar a dependência exagerada da exploração do trabalho voluntário dos membros do partido.

Também é importante ter consciência de que “relações de poder podem ser rearranjadas, mas nunca completamente eliminadas, independentemente da perfeição e suposta neutralidade das ferramentas utilizadas”.

Por fim, é preciso combater as utopias tecnológicas ingênuas, mas também a fobia em relação ao novo que, frequentemente, atinge muitos setores da esquerda.

Aliás, diríamos, o novo jamais deveria nos assustar. Deve ser, antes de tudo, compreendido e, conforme o caso, assimilado ou combatido.

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