Em
seu livro “The Digital Party”, Paolo Gerbaudo descreve a teoria do intelectual
italiano Marco Revelli, que vê no partido de massas o equivalente político da
fábrica fordista no nível econômico.
Primeiro,
por seu "gigantismo" e esforço "para incorporar grandes massas
de pessoas de maneira estável, organizadas em estruturas sólidas e
permanentes".
Depois,
por seu "trabalho político" coletivo, inspirado por critérios
tayloristas de eficiência e racionalização. Os militantes seriam os trabalhadores
da linha de montagem. Os dirigentes locais, os supervisores. O comitê central, os executivos.
Mas
a crise do capitalismo fordista também afeta o partido de massas, que se vê enfraquecido
diante da crença imposta pelo neoliberalismo num mundo “pós-industrial,
pós-ideológico e pós-classe”.
Surge,
então, o “partido televisão”, fortemente influenciado pela ascensão da TV como
o canal dominante da comunicação.
O
modelo fordista dá lugar ao paradigma “midiático-marqueteiro”, derivado de ramos
considerados representantes da vanguarda da economia pós-industrial.
O
partido televisão não tem mais o apoio de uma base militante ativa. São, principalmente,
seus líderes que apelam diretamente aos eleitores em programas televisivos.
Essa
nova organização política já não tem uma base de classe claramente definida. De
forma oportunista, procura atrair diferentes camadas sociais. O eleitorado é um
mercado a ser conquistado.
Há
também um fortalecimento da liderança partidária, com campanhas personalizadas e
centradas nos candidatos. Essa mediação política à distância corroeu o papel das
bases no partido e contribuiu fortemente para gerar uma atitude passiva no
eleitorado.
Aparece,
então, o partido digital, prometendo resolver ou minimizar os problemas introduzidos
pelo partido televisão. Será capaz de cumprir o que promete? Continua na
próxima pílula.
Leia
também: Facebook,
partidos digitais, “tecnopólio”
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