Pawel Kuczynski |
As
estações de rádio permitiram opor alguns emissores a milhões de receptores. Um
monólogo que, geralmente, trata somente do que interessa ao mercado e ao poder.
A
TV já surgiu sob a lógica do monólogo. Não à toa, nos países economicamente dependentes
as redes de difusão audiovisual foram priorizadas em relação à estrutura telefônica.
No
início do século 21, surge a maior empresa de mídia da história. O sucesso do Facebook
se deveu muito à restauração dos contatos interpessoais. Ainda que virtuais.
Décadas
de neoliberalismo criaram o ambiente ideológico perfeito para a volta do
diálogo sem risco para os poderes estabelecidos. Ao contrário, tinha tudo para os
favorecer.
Associações,
clubes, sindicatos, partidos esvaziados. A família reduzida a, no máximo, quatro
ou cinco membros. Os apartamentos no lugar de aldeias, vilas, paróquias.
O
individualismo no lugar da solidariedade, a competição ao invés da colaboração.
Empreendedorismo, sim, consciência de classe, jamais.
Cenário
perfeito para que os diálogos se limitassem ao nível virtual. Inclusive, da sala
para o quarto.
Evidentemente,
a maior empresa de mídia já formada também é o maior anunciante. O Facebook
monetizou os contatos entre as pessoas, alavancando bilhões de dólares por
hora.
Enquanto
isso, o Google monetizou radicalmente a informação. Vale como fato objetivo aquele
que recebe mais cliques.
Esta é basicamente a economia política que opõe os interesses de antigos e novíssimos monopólios
da verdade. Nosso grande desafio é saber explorar as contradições dessa briga. Estaremos
à altura da tarefa?
Leia
também: O
combate às mentiras e aos monopólios da verdade
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