Em 2009, Mark
Bould e China Miéville publicaram a interessante coletânea “Planetas Vermelhos:
Marxismo e Ficção Científica”, ainda sem tradução do inglês.
No artigo “A
singularidade está aqui”, Steven Shaviro compara “os dois lados do marxismo” com
os gêneros literários ficção científica e romance policial.
Segundo
Shaviro:
A oposição
entre a perspectiva deflacionária do romance policial e a perspectiva
inflacionária da ficção científica evoca uma tensão dialética no coração do
marxismo, que é tanto inflacionária como deflacionária. A dimensão
deflacionária é representada pela tentativa de destruir todas as ilusões
necessárias ou úteis à preservação da sociedade de classes em geral e do
capitalismo em particular.
Mas, diz Shaviro,
o “marxismo também é inflacionário, insistindo que, apesar de admitir que a
opressão de classe seja essencialmente coincidente com a história da raça
humana, nem sempre precisa ser assim”.
Esse caráter
expansivo do marxismo, afirma, decorreria de sua “recusa radical” em aceitar como
inevitável a sociedade capitalista ou as sociedades de classes em geral.
Para ele, “se
o lado deflacionário do marxismo é necessariamente moral e político, o lado
inflacionário é necessariamente científico”. Ou seja, busca descobrir as leis históricas
que permitiriam levar à emancipação humana.
Assim, poderíamos
dizer que seria inflacionário tudo o que expande os horizontes da humanidade
para o conjunto de seus membros, de forma igualitária e respeitada toda a sua diversidade.
Deflacionário,
então, seria tudo o que encolhe nossas potencialidades. Por exemplo, aceitar que
as sociedades humanas estão condenadas a se dividir entre explorados e exploradores.
E agora, será que o delírio faz algum sentido?
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