Mas não são poucos
os estudiosos que vêm apontando uma espécie de regressão da sociedade atual a
padrões pré-capitalistas de mobilidade social. Um deles é Sighard Neckel, do
Instituto de Sociologia da Universidade de Hamburgo, na Alemanha.
Suas conclusões
são abordadas em reportagem de Carlos Drummond, publicada por CartaCapital, em 26/05/2019.
Segundo Neckel,
multiplicam-se nas sociedades atuais “modos ‘neofeudais’ de distribuição da riqueza,
reconhecimento e poder”. Para ele, as “classes superiores da sociedade dispõem
de numerosas possibilidades de obter as mais altas rendas sem risco nem
competição”.
Antes, as chances
de “subir na vida”, “vencer”, “ficar rico” eram muito minoritárias, mas
convincentes. Agora, tornaram-se fracas ilusões para a imensa maioria da
população. E não apenas em países periféricos. Há muito tempo, a mobilidade social
estagnou nos Estados Unidos e Europa.
A regra é,
cada vez mais, a origem em “berço de ouro”. E mesmo isso não garante coisa
alguma. O bloqueio está na subida da escala social, não na queda.
Tudo isso é
resultado da hiperconcentração de capital, turbinada por décadas de
neoliberalismo.
Claro que o
desaparecimento da ilusão da mobilidade de classe poderia levar ao reforço das
lutas coletivas por mais justiça social. Mas as maiores chances são de essa frustração
levar a uma guerra por migalhas entre os explorados.
Aumenta a
assustadora perspectiva de barbárie social. E graças ao caráter planetário do capitalismo,
ela ameaça a imensa maioria da humanidade.
Continua...
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Muito interessantes essas Pílulas últimas. É algo que não tinha observado com tanta propriedade e elementos, e que também pouco ouvi comentar. Aguardemos a próxima. O problema das Pílulas é que às vezes precisamos ler em conta-gotas, tipo novela, aguardando o próximo capítulo. Mas, acho que até nesse sentido, pode ter validade. Bjs.
ResponderExcluirEspero que sim!
ExcluirValeu
Beijos
Ah sim, acho interessante combater essa visão que grande parte da população tem de ascensão social, mesmo nos limites do capitalismo. Atacar o capitalismo no seu interior foi o que Marx sempre fez, não necessariamente precisamos "oferecer" um outro sistema.
ResponderExcluirSim, a denúncia e o combate são necessários, mas sem tentar enxergar saídas, eles também correm o risco de ficarem desarmados. Foi essa a preocupação constante de Marx, com a ressalva de que ele se recusava a fazer qualquer tipo de futurologia.
ExcluirAdoro quando rola transmissão de pensamento e você escreve algo que eu preciso e posso usar em sala de aula... Esse aí vai pra lista, com certeza - se vc permitir, claro.
ResponderExcluirQue bom!
ExcluirOxe! E precisa de permissão? Tem feudo, aqui não. Circulação livre...