Waldir José de Quadros é
professor do Instituto de Economia da Unicamp. Estudioso da estrutura social do
País, ele concedeu entrevista para a IHU-Online,
publicada em 14/06/2019.
Utilizando dados da
última pesquisa nacional domiciliar do IBGE, o professor concluiu que em 2016
encerrou-se o que ele chamou de período “de mobilidade ascendente e de
progresso social” no Brasil.
Devido a isso, Quadros deixou
de trabalhar com a categoria ‘“baixa classe média’. Estou chamando essa
categoria de ‘camada superior dos pobres’, porque a crise está provocando um
empobrecimento das estruturas sociais”.
Nessa nova classificação,
a camada “superior dos pobres” equivaleria a 40% das pessoas ocupadas, 27%
seriam “pobres” e 13%, “miseráveis”. No total, corresponderiam a 80% daqueles que
trabalham.
Mas o mais “assustador”,
diz Quadros, é que, segundo o nível de escolaridade, há 12,9 milhões de
trabalhadores pobres com nível superior completo ou incompleto. Para ele:
Isso significa confusão. Esse pessoal
não vai aceitar essa condição tranquilamente, porque eles foram fazer
faculdade, boa parte pagando a mensalidade com o Fies, esperando uma melhora de
vida, e agora não tem melhora.
Esta situação levaria à
criação do que o pesquisador chamou de “bomba-relógio” social.
Aceitas essas conclusões,
seria possível dizer que dois momentos marcaram a armação dessa bomba no Brasil:
Junho de 2013 e as eleições de 2018.
Mas o próprio artefato
explosivo é produto não apenas de uma das sociedades mais injustas do planeta,
mas de um sistema mundial em franca decadência.
É o capitalismo cada vez
mais parecido com formas históricas que o antecederam, como as sociedades de
casta e o feudalismo. Voltaremos a isso.
Sérgio, que bela pílula. Li a mais recente, que trata do neofeudalismo. Sabe que desconfiei muito desse ponto, com base em observações do cotidiano? Aumento do desemprego e da violência. Sim, isso é reflexo muito duro da decadência do neoliberalismo mundial, q também afeta dramaticamente as relações socioambientais por exploração desenfreada dos recursos naturais, q constituem mais elemento combustível para a bomba-relógio social, a ser mais adiantada e desastrosa quanto mais injusta for a sociedade. E a brasileira pode ser um exemplo notório.
ResponderExcluirBjs!
Realmente, tá difícil ser otimista ultimamente.
ExcluirObrigado pelos comentários, Salete
Beijos