Recentemente, o filósofo italiano Franco
Berardi concedeu entrevista publicada em Outras Palavras. Seguem alguns
trechos interessantes:
Em condições de aceleração e intensificação
da infosfera, o tempo de elaboração cognitiva se faz cada vez mais breve e
restrito. Por isso, a faculdade crítica, como a capacidade de discriminar o que
é verdadeiro e falso, fica confusa e obscurecida. Não temos tempo para analisar
intelectualmente, nem para elaborar emocionalmente, os estímulos que chegam a
nossa mente.
(...)
Em seu livro “Os meios de comunicação
como extensão do homem” (1964), Marshall McLuhan escreveu que, quando a
simultaneidade eletrônica substitui a sequencialidade alfabética, a faculdade
mitológica substitui a cultura social e a razão crítica. O “meme” é a expressão
midiática do pensamento mitológico que – como o inconsciente freudiano – não
conhece o princípio de não contradição, não conhece a irreversibilidade
temporal, não conhece a crítica nem a temporalidade histórica.
(...)
As notícias falsas não são,
naturalmente, um fenômeno novo; sempre houve informação mal-intencionada na
história dos meios. O volume de notícias faltas aumentou hoje porque aumenta,
em geral, a quantidade de informações que circulam na infosfera digital.
(...)
Acreditamos que ingressamos em uma
época apocalíptica em seu sentido duplo; uma época de catástrofe e uma época de
revelação. Não se pode evitar o apocalipse porque as tendências apocalípticas
já estão se manifestando. Só podemos preparar a segunda vinda. E não me refiro
a segunda vinda de Jesus Cristo porque não sou religioso. Refiro-me a segunda
vinda do comunismo, mas não na forma totalitária em que se manifestou durante o
século passado.
Preparar a “segunda vinda”, disse o entrevistado,
não apenas esperá-la.
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