Como superar a anarquia
irracional capitalista de modo a que as necessidades sociais sejam atendidas de modo
equilibrado e socialmente justo? E como fazê-lo preservando o meio ambiente?
As soluções tentadas
pelo estado soviético ficaram muito longe de responder a esse desafio. A
resposta dos defensores do livre mercado aponta para o colapso social e
ambiental.
Uma série de artigos publicada pelo portal Outras Palavras procura aprofundar esse
debate a partir da utilização generalizada do algoritmo na vida contemporânea.
Em um dos textos da série, Cédric Durand e Razmig Keucheyan lembram que especialistas
em planejamento do século passado entendiam que uma verdadeira alocação
racional de recursos exigiria milhões de equações baseadas em milhões de dados
estatísticos a partir de mais milhões de cálculos individuais.
Até que essas equações
fossem resolvidas, as informações nas quais elas se baseassem se tornariam
obsoletas e precisariam ser calculadas novamente.
Atualmente, porém, os
autores avaliam que os avanços na área da computação permitiriam obter de forma
centralizada e rápida uma “alocação ótima de recursos”. De modo que:
Contra
todas as expectativas, os algoritmos podem ser socialistas. Assim como Engels
afirma no Anti-Dühring (1878) que, com os trustes do final do século XIX, o
mercado já dera lugar ao planejamento, agora é necessário levar a sério a
suposição de que o Google, SAP ou Alibaba prefiguram uma organização econômica
pós-capitalista.
Pode ser, mas a questão central
continua a ser a mesma. O controle dos meios de produção desses algoritmos
também precisaria ser socializado.
Não sabia que o futuro socialista estaria na construção de algorítimos que foi minha formação acadêmica. Será que deveria ter levado eles mais a serio e menos as minhas reflexões filosóficas, sociais e políticas? Penso que não, a tecnologia nunca vai resolver problemas sociais. O melhor programa de computador não vai resolver nada, ele é um simples código que, por si, pode resultar em um bom programa, nada mais além disso. E não advogo que precisaríamos de uma nova tecnologia para fazer a revolução que não fizemos no passado. Precisamos de uma nova consciência para fazer uma nova, e muitas outras tecnologias, reverterem para o bem comum. E também não adianta termos só o controle de Google, Watsapp, Facebook, SAP (esse a gente vai ter que jogar na lata do lixo porque só serve para as empresas capitalistas) e tantos outros recursos. Sei que não pensa que as coisas se resolvam por mais tecnologias, muito pelo contrário, mas é sempre bom reforçar. Bjs.
ResponderExcluirPutz, Marião, menos. O texto fala em apenas um dos problemas que afligem os socialistas, que é o planejamento econômico. Uma questão quase operacional, que os algoritmos podem ajudar a solucionar. A construção do socialismo é algo muito mais complexo, claro. Sim, você tem razão, tecnologia é técnica mais ideologia, como está nessa pílula aqui: https://pilulas-diarias.blogspot.com/2019/02/tecnologia-amor-medo-luta-de-classes.html. E socializar os produtores de algoritmos não é o mesmo que tomar o controle de uma Google, até porque, uma vez socializada, a Google já não ela mesma. É outra coisa. Trata-se só de tentar confirmar o que esperavam Marx e Engels. Que o socialismo surja da superação dialética das poderosas forças produtivas que o capitalismo despertou e usou somente para atender os interesses de alguns poucos.
ExcluirBeijos