Em novembro de 2015, numa
troca de mensagens por celular, o procurador Deltan Dalagnol afirmou: “jornalista
que vaza não comete crime”.
A frase apareceu no chamado
escândalo da “Vaza Jato”. Trata-se de uma série de mensagens trocadas por meio
digital entre o juiz Sérgio Moro e procuradores da república no âmbito da
Operação Lava-Jato.
O material chegou aos jornalistas
do The Intercept, em junho passado. A publicação de seu conteúdo colocou sob forte
suspeita a isenção do trabalho dos membros da operação. Entre eles, o próprio Dalagnol,
que passou a tentar criminalizar o vazamento das conversas.
Mas, talvez, abordagens mais
gerais esclareçam melhor a situação toda. É o caso de “A guerra de todos contra todos e a Lava Jato: a Crise Brasileira e a vitória do Capitão Jair Bolsonaro”,
artigo assinado por sete professores universitários e publicado pelo Instituto
de Economia da UFRJ.
O documento é longo, mas
vale a leitura. Sua publicação antecede o vazamento das mensagens, mas este último
apenas confirma as conclusões daquele sobre o viés político da Lava-Jato.
Abaixo, um trecho destaca
o funcionamento do “mecanismo” colocado em prática pela operação, em artigo de Sérgio
Moro, publicado em 2004:
Vazamento/publicidade
para os meios de comunicação → para gerar
instabilidade → deslegitimação política (Congresso e Executivo) →
legitimidade da operação
junto à
opinião pública (aumento do seu poder) →
pressão
sobre às
instâncias
superiores do judiciário, em especial o STF, para que essas não coibissem a
flexibilização das leis.
Atenção à última oração:
para que o judiciário não coibisse a flexibilização das leis. Já estava tudo
lá. Sem necessidade de vazamento algum.
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