“Tecnologia, Ignorância e Violência” é um
artigo de Pablo Rubén Mariconda, publicado pelo portal Outras Palavras. Seu
tema principal é o caráter destrutivo da ambição humana pelo mais completo
domínio da natureza.
O texto vale ser lido na
íntegra, mas há um interessante trecho sobre o papel da ignorância nos tempos
atuais.
Segundo Mariconda, “a
todo conjunto de conhecimentos práticos e teóricos corresponde um conjunto, de
certo modo, complementar de não conhecimentos práticos e teóricos”.
Um serralheiro, por
exemplo, pode fabricar as dobradiças e a maçaneta de uma porta, mas irá
recomendar a seu cliente que contrate um marceneiro para instalá-las. Ele sabe
o que sabe, mas também sabe o que não sabe.
Mas, diz o autor,
“quando não reconheço não saber algo, quando desconheço certa ignorância, ou
mesmo quando minto saber”, há uma “diminuição drástica da atenção sensitiva e
oral – a ponto de ampliar espantosamente a esfera da ignorância não mais
reconhecida como tal, ou seja, a ignorância ignorada, que é também uma forma de
embrutecimento racional”.
Embrutecimento racional?
Sim, Mariconda está se referindo aos estragos causados pelas redes virtuais. Ao
mundo da troca rápida e irrefletida de informação, acarretando alterações
significativas de nossa percepção do mundo. Por exemplo, diz ele:
...dificuldade
na determinação da autoria das informações ou notícias, ou seja, aparente
anonimato do que se comunica; deslocamento emocional produzido pela mediação
imagética da informação; transferência da memória; diminuição drástica da
atenção sensitiva e oral.
Ele também cita o
filósofo Herbert Spencer, para quem o conhecimento científico seria “como uma
esfera que cresce mergulhada em um oceano de ignorância”.
Melhor vestirmos os
coletes salva-vidas.
Leia também: Facão, pistola, carabina e redes virtuais
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