“É preciso enxergar a
floresta e não apenas suas árvores”, dizem.
Sem dúvida. Mas, que floresta
cerca, por exemplo, a árvore representada pela eleição de Bolsonaro em 2018?
Ela compreende somente as fake news, o apoio das igrejas neopentecostais, o papel
da grande mídia, a famigerada “facada”, a Operação Lava-Jato?
Certamente. Mas essa cartografia
florestal pode deixar de fora as Jornadas de 2013? Momento que sinalizou o fracasso
de um projeto político que equivocadamente contava com a concordância das classes
dominantes para promover alguma justiça social no País?
Por outro lado, seria o
malogro da aposta petista suficiente para definir os limites florestais que nos
interessam? Ou grande parte de suas raízes não estariam na crise de 2008,
quando começou a grande depressão em que caiu a economia mundial desde então?
Além disso, por toda a extensão
dessa paisagem arbórea ouve-se um persistente ruído ao fundo. Ele é causado pela
permanente demolição neoliberal do direito ao trabalho digno, desde
os anos 1980, pelo mundo todo.
O fato é que floresta e árvores formam um todo contraditório que só pode ser compreendido de forma coerente em sua unidade dialética. Olhar apenas
a floresta sem atentar para os elementos que a compõem também pode ser muito limitador.
Aparentemente, foi isso o que
aconteceu no último período. O que julgávamos ser a floresta
era apenas um de seus bosques. E o que pensávamos serem pequenas clareiras, já
eram terra arrasada. Além disso, não percebemos que uma floresta é formada por muito mais que apenas
suas árvores.
De qualquer maneira, precisamos
reagir logo. As motosserras se aproximam rapidamente.
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