Em novembro de 1919, as eleições italianas
foram "vermelhas". Os socialistas obtiveram mais de 1 milhão e 800
mil votos, conquistando quase um terço do parlamento nacional. O triunfo seria um
prenúncio da revolução.
Já o fracasso fascista foi inversamente
proporcional: dos cerca de 270 mil eleitores de Milão, os fascistas obtiveram
apenas 4.657 votos. Mussolini, somente 2.427 votos. Nenhum candidato fascista
foi eleito. Nem ele. Um completo fiasco.
Nas ruas, os socialistas encenam uma
procissão fúnebre. A multidão grita: "Eis o cadáver de Mussolini"
Roma, 1º de dezembro de 1919. Os parlamentares
assumem seus mandatos. Entre eles, 156 deputados socialistas. Quase todos pela
primeira vez. Muitos deles, filhos de humildes trabalhadores braçais.
Entra o rei Vittorio Emanuele
Orlando para inaugurar a legislatura diante dos cerca de 500 representantes da
nação. Todos ficam de pé e o aplaudem, gritando: "Viva o rei!"
Na ala esquerda do salão, ocupada
pelos socialistas, ninguém se mexe. Permanecem sentados. Terminada a saudação
ao monarca, eles se levantam e marcham para fora do parlamento. Seu líder, Nicola
Bombacci, caminha à frente. Ao passar pelo trono, olha para o soberano e grita:
"Viva a república socialista!"
A demonstração não impressiona Mussolini.
Ao contrário. Para ele, o sucesso dos socialistas os esmagará. Eles prometeram
demais na campanha eleitoral. Gritaram "vida longa a Lenin!". Agora, precisam
fazer a revolução.
Diante da indefinição quanto a priorizar
o caminho eleitoral ou a via revolucionária, os socialistas acabarão por se
perder, aposta ele. Os acontecimentos dos anos seguintes mostrariam que,
infelizmente, Mussolini estava certo.
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