Doses maiores

5 de fevereiro de 2020

Não há antifascismo radical sem anticapitalismo radical

Encerrando a série de pílulas sobre “Fascism: Theory and Practice”, de Dave Renton, é importante lembrar uma preocupação central do livro. Trata-se de destacar que o “fascismo é uma resposta recorrente às condições de vida sob o capitalismo”.

E isso acontece, diz o autor:

Porque o capitalismo entra em crise. Porque força milhões ao desemprego e à pobreza, criando condições favoráveis ao crescimento do ressentimento. Além disso, o próprio capitalismo baseia-se em uma série de ideias que incluem racismo e elitismo. Desse modo, preenche constantemente o reservatório de valores reacionários sobre os quais o fascismo se baseia para crescer. A luta antifascista é necessária, mas é por natureza uma luta difícil e repetitiva. Parafraseando Rosa Luxemburgo, o antifascismo seria como o trabalho de Sísifo: enquanto um grupo fascista parece entrar em declínio, outro nasce e é preciso detê-lo.

Ou seja, ressalta Renton, “os antifascistas precisam reconhecer que enquanto o capitalismo sobreviver, o fascismo se repetirá. A única maneira de acabar com os ratos é destruir o esgoto em que vivem”.

E conclui, afirmando que só é possível parar o fascismo “lutando por uma sociedade onde o potencial de toda a humanidade seja totalmente realizado e todas as formas de opressão sejam varridas”.

Enfim, não há como realmente derrotar o fascismo sem combater o capitalismo em todas as suas dimensões. Seja na luta contra a exploração econômica, seja na resistência às opressões sociais, o importante é deixar claro que o sistema como um todo precisa ser combatido para que o fascismo como fenômeno social desapareça.

Não há como ser radicalmente antifascista sem ser radicalmente anticapitalista.

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