Doses maiores

13 de fevereiro de 2020

Fraturas na ditadura democrática estadunidense

A mais perfeita ditadura do mundo funciona há séculos sob o domínio de um partido único, com duas alas: a republicana e a democrata.

A ditadura estadunidense funciona tão bem que elege presidentes em um colégio eleitoral que, frequentemente, ignora a vontade popular. O último deles foi Trump. Com três milhões de votos populares a menos que Hillary Clinton, esse sistema não foi contestado nem mesmo por ela.

Este forte aparato político funciona como um muro contra alternativas mais democráticas. Principalmente, contra forças de esquerda. É este muro que coloca do mesmo lado Bush, Trump, Obama, Clinton...

Mas surgem sinais de rachaduras nesse paredão. Uma onda rebelde de esquerda vem varrendo grande parte da sociedade estadunidense. À frente dela, o senador Bernie Sanders.

Sanders luta para ser o candidato democrata nas eleições presidenciais defendendo uma plataforma política considerada radical. Na verdade, apenas propõe políticas de redistribuição de renda, ampliação dos serviços públicos, taxação da riqueza e limitações à especulação financeira. Mas basta isso para ser considerado um incendiário.

Sanders conta com forte apoio em categorias sindicais recentemente envolvidas em grandes greves e lutas. Suas propostas também vêm conquistando jovens, latinos, negros e muçulmanos.

Para muitos comentaristas, Sanders representa a maior chance de uma vitória democrata nas próximas eleições. Mas o maior inimigo dele hoje não são os republicanos. É a direção de seu próprio partido, que prefere ver Trump reeleito a permitir a vitória de um “incendiário”. Daí, as recentes sabotagens contra sua candidatura nas primárias democratas.

Há possíveis fraturas na poderosa muralha conservadora estadunidense. E isso é muito importante para os socialistas no mundo todo.

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