Vejamos o que fala o livro “Fascism: Theory and Practice”, de Dave Renton, sobre a ocupação violenta das ruas pelos
fascistas.
Marchas, intimidações
físicas e grandes manifestações são muito importantes para os fascistas. Portanto,
é principalmente nessa arena que é preciso dar-lhes combate.
O próprio Hitler chegou
a alertar:
Apenas
uma coisa poderia nos ter detido - se nossos inimigos tivessem entendido nossos
princípios e, desde o primeiro dia, tivessem destruído com a máxima brutalidade
o núcleo de nosso movimento.
Onde os fascistas ainda
são pequenos, isolados e rachados, seria um desperdício de energia perseguir apenas
alguns deles. Mas onde já estão tentando controlar as ruas, é necessário confrontá-los.
Confrontos físicos, no
entanto, devem ser entendidos em sua dimensão específica. A violência não faz
parte da visão de mundo dos antifascistas. Nós não procuramos criar uma
sociedade onde a violência seja natural ou comum. Glorificar a violência, jamais.
Por esses motivos, o
confronto físico contra o fascismo deve abranger um grande número, deve ser
primordialmente não violento e não deve envolver apenas antifascistas “profissionais”.
O objetivo principal é construir uma oposição verdadeiramente de massa.
Renton cita como exemplo
dessa oposição de massa o Rock Contra o Racismo e a Liga Antinazista, movimentos
nascidos em 1979, quando o fascismo ressurgia forte na Inglaterra.
Essas frentes uniam comunistas,
socialistas, trabalhistas, punks, militantes negros e sindicalistas. Suas atividades
reuniam dezenas de milhares e, nas eleições daquele ano, o partido fascista não ultrapassou
1,5% dos votos.
Ou seja, derrotar os
fascistas é possível, desde que não entreguemos a eles justamente o palco principal
de nossas maiores vitórias: as ruas.
Sergio, uma coisa que venho me perguntando: a revolução, hoje, será uma transformação através da luta armada, como foi a última que vimos, Cuba? Acho que li mesmo aqui nas Pílulas que a revolução russa não disparou, ou quase isso, uma bala sequer. Mas a guerra estava existindo. E hoje? Vc cita aqui que as lutas antifascistas e antinazista não devem ser violentas, e cita um exemplo que não foi de uma derrota do fascismo e nazismo na época em que eles existiram. E também não foram na época de mídias sociais. A pergunta que me parecia clara no passado, e que hoje não consigo responder, é se existe ainda papel nas lutas revolucionárias e transformadoras da ação violenta.
ResponderExcluirOlha assim, de bate pronto, só penso uma coisa. Transformações revolucionárias ou ações e medidas com pretensões de radical transformação social sempre foram respondidas com ações violentas por parte dos poderosos. Portanto, sempre que tivermos pretensões desse tipo seremos arrastados a episódios de extrema violência. A questão é saber se saberemos como resistir. Mas se não nos prepararmos minimamente, a derrota será não só certa, como esmagadora.
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