Em maio de 1920, Ferrara era a província mais vermelha da Itália. Tão vermelha que foi renomeada "província escarlate". As ligas proletárias tinham 81 mil membros, entre trabalhadores agrícolas, comerciantes e pequenos proprietários.
Elas ditavam as condições de trabalho, os níveis salariais e até a escolha dos cultivos. Os proprietários, reduzidos a pouco mais do que fornecedores de capital.
Em agosto, negociações na Alfa Romeo, em Milão, terminam em impasse. Os operários começam uma operação tartaruga. O patrão bloqueia a fábrica. Em questão de horas, todas as fábricas milanesas são ocupadas pelos trabalhadores.
Imediatamente, o empresariado aprova um bloqueio em nível nacional. A Confederação Geral dos Trabalhadores (CGT) responde: mais de 500 mil trabalhadores ocupam 600 fábricas em toda a Itália
Tudo aponta para a guerra civil. “É o socialismo!”, gritam os operários nas fábricas.
Os trabalhadores improvisam comandos armados. Formam a "Guarda Vermelha". Durante quatro semanas, não são mais apenas braços e costas quebradas. Não são mais apêndices das máquinas. Eles merecem sua revolução. Mas a revolução, mais uma vez, não vem.
A CGT deixa a decisão aos líderes do Partido Socialista, que nada decide.
Finalmente, os patrões cedem. Aumentos salariais, melhores condições de trabalho e até controle da produção e participação nos lucros. Estes últimos logo esquecidos. Em troca, os proletários devolvem as fábricas.
Para os trabalhadores, é uma vitória econômica significativa e uma derrota política total. A revolução em troca de um prato de lentilhas.
O relato acima é mais um do livro “M, O Filho do Século”, de Antonio Scurati. Mostra uma avenida sendo aberta para a passagem do fascismo.
Leia também: O fascismo espera. Os socialistas se atrasam
Serginho, querido amigo, companheiro e camarada, você não acha que o comunismo já teve dias muito melhores no passado, e se teve retrocessos não foi por responsabilidade exclusiva do reformismo? Não estou questionando de forma nenhuma os problemas e os questionamentos que devem ser feitos às lideranças passadas, atuais e quiça (adoro essa palavra) futuras. Eu me pergunto todo dia isso. Bjs.
ResponderExcluirBom, Marião, velho camarada e amigo, acho que ficar culpando exclusivamente o reformismo também não ajuda grande coisa. Reformista sempre vai ter, até porque eles estão mergulhados no senso comum e aí fica mais fácil crescer. Nós é que temos que superá-los. Mas também não dá pra fazer isso sem partir do senso comum mas com o objetivo de ir muito mais além dele. Tem aquela série de pílulas que fiz mais ou menos sobre isso que tá nesse link aqui:https://pilulas-diarias.blogspot.com/p/sobre-o-reformismo-em-adamprzeworski.html
ExcluirBeijos