No início de 1920, Mussolini foi visto passeando tranquilamente em uma luxuosa galeria comercial de Roma. Longe da agitação política, depois dos péssimos resultados de seu partido em eleições recentes. O fascismo parecia estar em um beco sem saída.
Enquanto isso, greves operárias aconteciam aos milhares por toda a Itália. Mobilizavam milhões de trabalhadores.
Porém, um curioso conflito na Fiat, em Turim, envolveu as horas do relógio. O
governo havia restabelecido um horário especial, adotado nos tempos da
guerra. Os trabalhadores, no entanto, decidiram que nesse momento eles
eram donos de seu tempo, não os políticos de gabinete. Exigiram a
manutenção dos horários antigos. Os patrões se negaram. Resultado: uma greve geral de dez dias paralisou 120 mil trabalhadores. Destes, 60 mil assumiram as fábricas e
adiantaram o relógio em uma hora. A questão, claro, não era sobre
ponteiros: não era sobre horários especiais, mas sobre a hora decisiva. A
hora da revolução.
Os líderes do partido
socialista, no entanto, se atrasaram novamente. Muitos deles condenaram
abertamente a iniciativa. Teria sido um movimento fora de hora. Como Mussolini havia previsto, o triunfo eleitoral do
socialismo abriu sua crise interna: os revolucionários
não queriam participação no poder e o reformismo não ousava a
conquista total do poder. Em suma, o socialismo também estava em um beco
sem saída.
Mussolini não tem dúvida: a burguesia reagirá. É
apenas uma questão de tempo. De esperar pacientemente girar o
relógio da história. A hora dele também chegará. E, enquanto isso, dar um passeio pela galeria.
Leia também: Itália: "eleições vermelhas" não barram o socialismo
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Bonito. Gostei da história das horas e do simbolismo dos ponteiros do relógio. Bjs.
ResponderExcluirNo original, em italiano, os trocadilhos estão muito bons. Perdeu um pouco na minha adaptação. Beijo
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