Na pandemia, em muitos, muitos casos pelo mundo, os heróis foram os altos executivos. Foram eles que deram um passo à frente com seus recursos financeiros e seus recursos corporativos, seus funcionários, suas fábricas e agiram rapidamente, não com fins lucrativos, mas para salvar o mundo.
As palavras acima são de Marc Benioff, fundador da Salesforce, gigante do Vale do Silício, em pronunciamento feito em janeiro de 2021, no Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça. Ele é um típico “Davos Man”, protagonista do livro de Peter S. Goodman. O depoimento mostra que a modéstia não é o forte da espécie. Falar a verdade também não.
No final de 2021, a riqueza total desses “heróis” magnatas tinha aumentado em US$ 3,9 trilhões. Enquanto isso, cerca de 500 milhões de pessoas haviam caído na pobreza. As empresas farmacêuticas demonstraram competência na criação de vacinas, admite Goodman. Mas ao custo de elevar os preços da maior parte de outros medicamentos que poderiam ter salvo a vida de centenas de milhões de pessoas, adverte ele.
Na primeira metade de 2020, em plena crise sanitária, a Amazon de Jeff Bezos vendeu US$ 164 bilhões, ou mais de US$ 10 mil por segundo, graças ao fechamento de lojas físicas.
Entre abril e agosto daquele ano, 60 mil americanos estavam se infectando diariamente, lotando hospitais e necrotérios. Mas a Amazon estava cobrando US$ 39,99 por um pacote de cinquenta máscaras descartáveis, que geralmente eram vendidas por US$ 4. Já o sabonete antibacteriano, que normalmente custava US$ 1,49, passou para US$ 4,00.
Os heróis do capitalismo mais avançado são assim. Por que a surpresa?
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Só rindo mesmo, ou melhor, odiando
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