Doses maiores

8 de junho de 2022

O racismo como dominação colonial

Escrito em 1967, no auge da luta antirracista nos Estados Unidos, “Black Power” é um livro fundamental para a luta dos negros em todo o mundo. Seus autores são Charles V. Hamilton e Stokely Carmichael (ou Kwame Ture). Ambos estavam na linha de frente no combate aos “supremacistas brancos” quando escreveram a obra. Ture, por exemplo, integrou os Panteras Negras.

É neste livro que o conceito de “racismo institucional” aparece pela primeira vez. Segundo os autores, o racismo individual consiste em atos ostensivos de racistas isolados que causam morte, lesão ou destruição violenta de propriedade. Pode até ser gravado por câmeras de televisão, por exemplo.

Há, porém, um racismo menos evidente, mas talvez ainda mais nocivo. Indivíduos “respeitáveis” nunca plantariam uma bomba em uma igreja.  Nunca apedrejariam uma família negra. Mas apoiam autoridades e instituições políticas que mantêm e perpetuam políticas institucionalmente racistas.

Ao contrário do que se costuma dizer, afirmam eles, não há uma questão racial dividindo a nação estadunidense. O fato é que os negros formam uma colônia dentro do país, e não é do interesse do poder colonial libertá-los. Ou seja, o racismo institucional tem outro nome. Chama-se “colonialismo”.

Sem dúvida, esse é outro conceito fundamental apresentado por Carmichael e Ture. Mas ele já era antecipado num artigo de Lênin, de 1917, no qual afirmava-se que negros, mestiços e índios deveriam ser considerados uma nação oprimida dentro dos Estados Unidos.  

E como ensinaram Washington, Jefferson e outras heróis estadunidenses que jamais foram comunistas ou bolcheviques, nações oprimidas só se libertam entrando em confronto aberto com seus opressores.

Continua na próxima pílula.

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4 comentários:

  1. Ótimo resgaste deste livro de 1967!! E também sobre a base do racismo nas práticas institucionais, com apoio de parcela das sociedades.

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    1. O mais importante é o apoio inconsciente e involuntário que esse racismo recebe

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  2. É tanto racismo que abundam classificações, conhecia o estrutural, agora tem esse institucional que sempre, como diz, era o mais evidente, mas nem por isso menos perverso.

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    1. Acho que os dois tipos meio que se confundem, na medida em que o estrutural se institucionaliza e as instituições reforçam as estruturas racistas, que, ao cabo, são as estruturas capitalistas.

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