O bolsonarismo não criou qualquer tipo de violência nova – a novidade agora é que um importante setor das classes dominantes já não se importa mais em maquiar sua aparência, ou iludir a opinião pública com urbanidades típicas da hipocrisia dos neoliberais. O que chamamos de “Brasil” sempre foi um genocídio racista estruturado no escravismo.
Com estas palavras, Erahsto Felício e Joelson Ferreira começam seu artigo “Paz entre nós, guerra aos senhores – uma tradição rebelde de alianças”.
Em seguida, afirmam: “A esquerda institucional brasileira já tentou seu caminho – com o máximo respeito que temos aos companheiros, é chegada a hora de tentar outro. É aí onde a longa história de rebeliões dos povos no território brasileiro ainda tem muito a nos ensinar”.
Eles se referem a Cabanagem, Balaiada, Praieira, Canudos, como “ações rebeldes construídas por meio da unidade dos povos”. Lembram que a Cabanagem, por exemplo, foi um movimento protagonizado pelos Sataré-Mawé, Mura, Mundurukus e outros povos indígenas. Aliados a pretos, cafuzos e brancos pobres lutaram contra o poder do latifúndio no norte do País.
Afinal, dizem, Palmares sobreviveu por 130 anos. “Uma experiência de resistência ao capitalismo mais longeva do que a União Soviética ou a China Popular”. A ciência por trás desta longevidade, e de sua capacidade rebelde, afirmam, está na aliança dos povos. A federação de quilombos, que impôs por tantos anos derrotas às potências imperiais da época, era formada por pretos e indígenas, assim como por brancos pobres e marginalizados.
Mas não se trata de qualquer aliança, advertem, por fim. É a unidade dos povos para vencer o capitalismo e o racismo.
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Contundente o primeiro parágrafo. Quanto ao resto, as rebeliões eram de outra ordem, outro momento, outra história, outro tudo. Penso que precisamos criar outras formas mais substanciais e atualizadas para o momento, mas nada que as anteriores não nos possam ensinar muita coisa.
ResponderExcluirMas é no primeiro parágrafo que está a alma do texto. Em meio a tudo o que mudou há a permanência da máquina genocida que é o Estado brasileiro a serviço de sua classe dominante e do grande capital em geral. Frente a isso, as saídas institucionais se mostraram um fracasso. É disso que se trata, de organizar a autodefesa popular, com base na experiência indígena e negra.
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