Dirigido por Rodrigo García, “Albert Nobbs” vale pela excelente interpretação de Glenn Close. Também serve como denúncia sobre a violência da imposição de padrões sociais. O personagem principal é uma mulher que vive como homem há mais de 30 anos. O cenário é a sociedade irlandesa do século 19.
No papel masculino, Nobbs é um competente e dedicado garçom de um hotel de luxo. Junta todo o dinheiro que pode para comprar uma loja. Sonha tirar seu sustento do estabelecimento, ao lado de uma esposa dedicada.
Mas Nobbs não parece ter assumido a condição de travesti apenas por orientação sexual. Em uma cena do filme, a protagonista passeia por uma praia em trajes de mulher. A feminilidade reprimida finalmente se mostra. Ela corre, salta e rodopia feliz. De repente, tropeça e cai. Sem a armadura masculina seu corpo parece estranhar a leveza das roupas femininas.
Nobbs não teria escolhido a condição masculina para ser feliz sexualmente. Tal opção seria apenas a mais adequada a uma sociedade conservadora e machista. Ele não parece apaixonado pela mulher que escolheu para esposa. O casamento, a loja, seu comportamento profissional. Tudo parece racionalmente planejado para que ele seja, finalmente, considerado uma “pessoa normal”.
No final, Nobbs desaba como um boneco quebrado. A armadura jaz vazia. Mas nada disso aconteceu de repente. A pessoa que a usava foi desaparecendo até sumir.
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