Entrevista
publicada na Folha de S. Paulo em 01/04 traz o antropólogo norte-americano Roy
Wagner. Comentando seu livro "A Invenção da Cultura", ele destaca o
papel do humor afirmando:
O humor é uma forma de invenção. É
um exercício de ver a partir de uma perspectiva e então se deslocar para outra
repentinamente, com algo um pouco confuso. Uma piada inventa; ela usa a
perspectiva para inventar.
Em
outro trecho, Roy afirma:
Estamos acostumados a pensar no
humor como forma de entretenimento, não como forma de alteração de perspectivas,
de alteração sujeito-objeto.
Talvez,
essa concepção ajude a pensar o desafio de tornar o humor arma de combate. Proposta
difícil porque corre o sério risco de perder a graça. Mas não é impossível. É o
que provam, por exemplo, Luis Fernando Verissimo e Laerte. Ambos são mestres na
habilidade de deslocar as perspectivas para debochar da lógica dominante.
Isso
não quer dizer que só possamos fazer piada com aqueles que ocupam posições sociais
elevadas. Nem que devamos desferir ataques pessoais desrespeitosos contra eles.
O alvo principal deve ser a estupidez dos preconceitos e valores conservadores que
defendem.
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