... os dados mais importantes não saíram nas manchetes: apenas uma minoria da população aprova importantes quesitos da política econômica, tais como a taxa de juros (que conta com o apoio de apenas 33% da população), combate à inflação (42%) e impostos (28%). Tal situação se repete na avaliação de áreas sociais fundamentais, como Saúde (aprovada por apenas 34% da população), Segurança (35%) e Educação (49%).Assim, a aprovação recorde seria referente “à aprovação pessoal da Presidente Dilma”, o que apontaria “uma contradição em relação à rejeição da população às áreas antes mencionadas”.
A análise faz sentido e mostra que o resultado da pesquisa merece mais esforço analítico por parte das forças de esquerda. Pelo menos, daquelas que não aceitam suas conclusões como sinônimo de acerto político.
Uma conclusão possível: aparentemente, a população vem isentando o governo federal em relação a grande parte dos problemas sociais mais graves. Talvez, transfira a maior parcela da culpa a parlamentos e governos estaduais e locais.
Mas Dilma é apoiada por 11 dos 18 governadores, por exemplo. No Senado e na Câmara, suas maiorias são bastante seguras. Quanto aos municípios, a aliança com o PMDB dá ao governo federal forte apoio. Portanto, o esquema de poder institucional no País vem funcionando em grande harmonia.
O resultado? Medidas favoráveis ao grande capital, migalhas aos mais pobres e cumplicidade com esquemas de corrupção, de um lado. De outro, silêncio por parte da maioria dos movimentos sociais.
Trata-se de mais uma lição de hegemonia política do lulismo. Os pontos negativos ficam diluídos. Tornam-se coisa do varejo sujo da política oficial. No atacado, preservam-se os interesses dos poderosos. Estes continuam sendo os proprietários. Na gerência geral do negócio, permanece Lula. No balcão, Dilma.
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