Antes de
comemorar o indígena brasileiro, o 19 de abril também era o Dia do Exército
Brasileiro. A data lembra a batalha de Guararapes, travada em Pernambuco. Nela os
“invasores holandeses” foram derrotados por tropas formadas por portugueses e
colonos.
Ou seja, comemoramos
o momento em que defendemos bravamente uma colonização contra outra. Entre os
mortos do lado “brasileiro”, deviam estar muitos índios e negros. Tamanha
dedicação não impediu que o Exército viesse a reprimir de forma sangrenta
várias revoltas populares.
Os mais recentes
episódios desse tipo aconteceram após o golpe de 1964. E suas vítimas não foram
apenas militantes políticos. Os índios não foram esquecidos pelos ditadores militares.
É o que mostra reportagem de Elaíze Farias para o jornal amazonense “A Crítica”,
publicada em 08/04.
Segundo a matéria,
“entre 1972 e 1975, no Estado do Amazonas, dois mil indígenas da etnia
waimiri-atroari sumiram sem vestígios”. Depois de lembrar que os mortos não
estão na lista oficial de vítimas da ditadura, a reportagem esclarece os motivos
da matança. Os indígenas:
...foram
considerados empecilhos para o desenvolvimento e guerrilheiros e inimigos do
regime militar. Por resistirem à construção de uma estrada (a BR-174, que liga
Manaus a Boa Vista) que atravessaria seu território, sofreram um massacre.
Hoje em dia, ainda
há muita bala matando e mutilando índios. Mas aos antigos males juntam-se
aqueles causados pelo assédio econômico às terras indígenas. E já não se trata
somente do Exército. Jagunços, órgãos governamentais, ONGs, partidos políticos
e empresas também fazem sua parte.
Tudo isso sob um
governo chefiado por quem combateu corajosamente o governo dos generais. Continua
valendo tudo para que grandes obras continuem a destruir matas, animais e
gente. Que tal fazer uma só comemoração? Seria o Dia da Selvageria.
Leia também: Ser chefe de índio é arriscado
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