Em seu livro "As
100 Melhores Lendas do Folclore Brasileiro", A.S. Franchini conta história
do dilúvio tupinambá. Segundo a obra, os tupinambás acreditam numa entidade criadora
de todas as coisas e seres vivos.
Seu nome é Monan
e viveu entre as criaturas humanas, até que estas se mostraram más e injustas. Diante
disso, provocou um enorme dilúvio de fogo. O texto diz que:
Até
ali a Terra tinha sido um lugar plano. Depois do fogo, a superfície do planeta
tornou-se enrugada como um papel queimado, cheia de saliências e sulcos que os
homens, mais adiante, chamariam de montanhas e abismos.
Depois,
entendendo que o castigo já surtira efeito, Monan mandou outro dilúvio. Desta vez de água, para apagar o fogo e revitalizar a terra. O mundo voltou a ser
povoado.
Mas os indígenas continuam
a ter muito com o que se preocupar. Agora, não se trata da ira de seus deuses. São
só as terrenas majestades capitalistas. Só na Amazônia, está programada a construção
de 24 usinas hidrelétricas. Cerca de 132 áreas indígenas devem ser inundadas.
Como resultado
podemos ter nova destruição em larga escala. As montanhas e abismos que surgiram
do fogo serão cobertos por lagos imensos. Tomados pela calma da morte de
milhares de espécies afogadas. E pelo silêncio, invadindo lugares onde reinava o
barulho vivo de animais e povos.
Não se sabe bem porque
o mito do dilúvio aparece em tantas e diferentes culturas. Talvez, tenha a ver
com os ciclos da natureza, envolvendo escassez e abundância. E com o fato de que
o excesso pode ser desastroso tanto num caso como no outro.
No capitalismo não
é assim que funciona. Sua abundância burra só consegue gerar mais escassez e destruição.
O desastre é certo.
bem interessante esse mito indígena. sobre essas figuras mitológicas presentes em diferentes sociedades, da pra especular muito, sobre se isso é um reflexo de um conteúdo apriorístico da mente humana, se decorre do tal inconciente coletivo de que fala Jung, ou adotando uma postura empirista podemos concluir como dito no texto que a crença se baseia mesmo nos ciclos da natureza... enfim, um prato cheio pra filosofia.
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