Estariam
todos os gênios condenados a isso? Há vários exemplos que confirmam a hipótese.
Dostoievsky, Lima Barreto, Van Gogh, Turing, Beethoven são só alguns casos.
Francisco Bosco em sua coluna de O Globo de 31/03 cita a definição de Sartre:
A genialidade não é um dom, é a
saída que se inventa em casos desesperados.
Mas
o que dizer de um Chico Buarque? De família rica, bonito, talentoso e inteligente.
Parece que o que o atormentava era o sonho de ser romancista. Só recentemente conseguiu.
Enquanto isso, foi perpetrando magníficas preciosidades musicais.
Por
outro lado, estamos falando de uma determinada época histórica. Só de uns 200
anos para cá os artistas e gênios foram reconhecidos como indivíduos
singulares. Antes, em geral, não passavam de artesãos ou estudiosos talentosos,
raramente reconhecidos.
Em
nosso tempo, a celebridade chegou para muitos deles. Porém, a um alto preço. Artistas
e gênios, em geral, parecem nervos expostos. Cometem maravilhas que não
cansamos de admirar. Mas estão vulneráveis às mais terríveis dores. Não apenas as
do espírito. Constrangimentos materiais são cruéis também.
Em
uma sociedade que uniformiza e massifica tudo, são como flores em jardins
ressequidos. Admiradas e permanentemente ameaçadas. Será, então, que em uma
sociedade com espaço para a invenção já não teríamos gênios? Certamente, o
contraste proporcionado pelas flores vistosas desapareceria. Mas no seu lugar poderia
haver um jardim repleto dos mais variados e belos tipos de plantas.
Não
seria a sociedade alternativa. Seria a primeira sociedade humana digna desse nome.
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