Em 17/05, Joana Cunha, da
Folha de São Paulo, entrevistou Rafael Alcadipani, professor da FGV e
especialista em organizações empresariais. Perguntado sobre a necessidade de
medidas contra a depredação de vitrines, concessionárias e caixas eletrônicos
por manifestantes, ele respondeu:
Fica muito desagradável para
uma marca ter policiais com escudos e cassetetes protegendo algum elemento de
publicidade nas ruas, como totens alusivos à Copa do Mundo ou a fachada de seus
estabelecimentos. Deixa evidente que o equilíbrio social está rompido.
Este raciocínio lembra o que costumava
dizer o cientista político argentino Guillermo O'Donnell. Ele afirmava que a
dominação burguesa diferencia-se das que a antecederam pela separação entre a
classe dirigente e os meios de repressão que defendem seus interesses.
Realmente, os capitalistas
não controlam diretamente as forças armadas e as polícias. O Estado faz isso
por eles e, assim, aparece como uma instituição neutra. Um juiz cuja
principal função seria manter o jogo em andamento. O problema é que o jogo tem
regras que só favorecem um lado. O crescimento da desigualdade social que se
espalha pelo mundo é prova inegável disso.
O governo federal já gastou
R$ 49,5 milhões em armas “não letais”. Aquelas que mutilam e cegam, mas
dificilmente matam. O armamento será usado pela polícia nas 12 cidades que
sediarão jogos da Copa do Mundo.
O professor da FGV tem razão.
Pega muito mal ver a PM protegendo vitrines e fachadas. Escancara o caráter de
classe do Estado. Mas o aparato militar que está sendo montado para a Copa fará
exatamente isso. E sob o comando de um partido nem um pouco neutro.
Leia também: O
campeonato de repressão estatal já começou
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