“O AI-5 atrasou por anos o
movimento gay no Brasil", diz o historiador James Green, da Universidade
de Brown, Estados Unidos. A afirmação foi feita em entrevista a Tatiana
Merlino, publicada pela Carta Capital em 29/04.
Green é fundador do grupo “Somos”,
pioneiro na afirmação homossexual durante a ditadura militar no Brasil. Para
ele, a decretação do AI-5, em 1968, não atingiu apenas a dimensão política da
oposição ao Regime Militar. A época era de grande questionamento ao
conservadorismo, incluindo a luta por liberdade sexual e de afirmação gay.
Green acha que não fosse a
ditadura, “o mesmo tipo de organizações que existiam na Argentina ou em Nova
York, organizações LGBT, feministas, também surgiriam aqui para forjar
movimentos de questionamento do conservadorismo da sociedade brasileira”. Mas a
intolerância com a diversidade sexual não era exclusividade da direita.
O entrevistado menciona um episódio
vergonhoso. Uma organização da luta armada chegou a considerar a possibilidade de
“justiçar” dois de seus militantes por serem homossexuais. Felizmente, o ato
não se concretizou.
Os ativistas gays só
conseguiriam se manifestar abertamente na época das grandes greves, no final dos
anos 1970. Vários de seus coletivos apoiaram as lutas operárias, defendendo a
inclusão do respeito ao trabalhador homossexual nas pautas sindicais. Claro que
os sindicatos não lhes deram ouvidos.
Na verdade, a grande maioria
da esquerda continua avessa a lutas envolvendo a liberdade e a diversidade sexual.
No momento em que se exige a punição aos crimes dos carrascos da ditadura, esta
deveria ser mais uma questão a diferenciar todos nós da direita. Ainda não é.
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de instruções
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